segunda-feira, 14 de março de 2011

Diferença entre Balanço e Balancete. E algumas noções contábeis.


     Mudanças estruturais na empresa devem contemplar a impulsão do faturamento com a estabilidade ou contração das despesas. Atenção. Se as mudanças implementadas desprezarem essa lógica, um “saldo vermelho” poderá surgir no próximo balancete...

     Queiramos ou não, contabilidade e economia são duas ciências que estão entranhadas nas nossas atividades do dia a dia. Elas nos acompanham desde os atos mais comezinhos do cotidiano (microeconomia) até os corporativos e governamentais (macroeconomia). Qual gêmeas inseparáveis e interdependentes, elas caminham lado a lado e escrevem as diretrizes da vida moderna. Estão presentes em nossas compras no supermercado, no consumo de luz, água e telefone; nos holerites de pagamento, nas contas de cartões de crédito, nos extratos bancários, etc. Nas corporações, espelham os livros fiscais, Balanços, Balancetes, Demonstração de Resultado do Exercício, Fluxo de Caixa... E ainda uma infinidade de planilhas e relatórios gerenciais.
     Direcionando os holofotes do olhar para a contabilidade, principalmente, nunca é de mais destacar, e assimilar, algumas noções para, mais escolados, não sermos vítimas de enganos ou de dúvidas gerenciais.
     A contabilidade (Inventada em 1494 pelo Frei italiano Luca Bartolomeo de Pacioli – 1445-1517) se aperfeiçoou durante esses séculos e hoje, mais do que nunca, é ferramental de uso obrigatório nas empresas. Ela é constituída, na sua essência, das famosas “partidas dobradas”, ou seja, para cada débito há um crédito correspondente, no mesmo valor, e vice-versa. É por essa razão que, sempre, a contabilidade expressa os totais do Ativo e do Passivo exatamente iguais.
     Por outro lado, há, ainda, alguns esclarecimentos sobre Ativo e Passivo que são relevantes para quem não é afeito à área contábil. Ressalte-se que o conhecimento técnico aprofundado é de responsabilidade do Contador, Técnico ou Perito Contábil. Contudo, para quem pretende ser um líder top é imperioso ter no mínimo algumas noções básicas, como por exemplo:

    1.O que é o Ativo?
       É um agrupamento de contas contábeis que reúne os Bens e Direitosda empresa

    2.E o Passivo?
      O Passivo é um agrupamento que reúne as contas contábeis que formam as Obrigações a Pagar da empresa. Também expressa seu Capital Social juntamente com Reservas de lucros e afins (que é a obrigação da empresa para com os sócios);

    3.Pelo próprio princípio contábil, as Contas Contábeis de características Ativas não devem estar presentes no Passivo, e vice-versa. Também não devem ser expressadas com saldo negativo. Como exemplo tomemos a conta Caixa, que representa uma conta do Ativo, cujo saldo expressa o dinheiro em posse da empresa. Logo, essa conta nunca poderá estar no Passivo. Se eventualmente estiver com saldo negativo fatalmente é porque ocorreu algum erro de lançamento contábil. Nesse caso há que se proceder a imediata correção. É importante, ao se apresentar um Balancete ou Balanço, que todo tipo de distorção esteja corrigida;

   4.Contas de Despesas (Luz, Água, Combustíveis, Impostos, Salários, Materiais de Consumo etc), Contas de Compras de mercadorias, produtos, serviços, e Contas de Receitas (Vendas, Descontos obtidos, Juros obtidos, Receitas em geral), são todas consideradas como “contas de resultado” e têm vida de um exercício fiscal. Ou seja, ao final do ano são “zeradas” para fins de apuração do Lucro Líquido. É nesse momento que ocorre a Apuração do Resultado do Exercício. Ao serem “cruzadas”, umas contra as outras, as contas de Despesas, Compras e Receitas resultam na apuração do saldo do Lucro ou do Prejuízo fiscal.




     4.2.Modelo (Didático) de um Balanço.

     Compare o Balancete com o Balanço. Observe a diferença no formato, na demonstração das contas e saldos entre ambos. Veja que as contas de “resultado” (ou contas de Despesas, Compras e Receitas) desaparecem no Balanço (isso ocorre após a Apuração do Resultado do Exercício, e o saldo, que é o Lucro, vai agregar, no Patrimônio Líquido, a conta “Lucros Acumulados”.

    Nota do autor:. Demonstrativo Contábil conforme Leis 11638/2007 e 11941/2009;



     5.Principais diferenças entre Balancete Balanço:

     Muito se confunde, quem não atua na área contábil, com a representatividade de ambos e quais são os objetivos do Balancete e do Balanço. Alguns esclarecimentos:

     5.1.O Balancete é uma planilha de saldos de “débitos e créditos” de todas as contas contábeis do Plano de Contas - Contas Reais e Diferenciais, expressando a situação contábil da empresa num determinado momento. É de uso exclusivamente interno. Ele pode ser listado a qualquer tempo, para simples estudo das contas, da evolução patrimonial e avaliação das despesas e receitas. Não existe data determinada ou pré-fixada para imprimir um Balancete. Os valores dos saldos são voláteis, isto é, podem ser modificados e alterados a qualquer instante se necessário. Seu objetivo, portanto, é técnico-administrativo/financeiro, a critério do líder quando desejar fazer um check-up da saúde da empresa.
      5.1.1.Contas Reais: são aquelas que não são objeto de apuração do “Lucro e Perdas” e, portanto, transfere seus saldos de ano para ano Ex: Caixa, Bancos, Fornecedores, Impostos a Pagar, Capital Social;
      5.1.2.Contas Diferenciais (Despesas e Receitas): ao contrário das Reais, são “zeradas” a cada ano fiscal para apuração do Lucro ou Prejuízo do exercício. Como as Contas Diferenciais ficam com saldo “zero”, acabam, obviamente, por não figurar no Balanço. Ex. Luz e Força, Material de Expediente, Água, Impostos, Compras, Vendas, etc.
     5.2.Já o Balanço é um demonstrativo contábil do Ativo e do Passivo exclusivamente das contas Reais. Tem regulamento próprio e deve ser produzido (salvo exceções) em data fixada pela legislação do Imposto de Renda, ou seja, Trimestralmente e Anualmente (31 de dezembro).
    5.3.O objetivo do Balanço é dar conhecimento aos donos, sócios, acionistas (stakeholders), bancos, Junta Comercial, Receita Federal, etc. Nas empresas de grande porte, pode ser publicado em jornais, mas deve ser obrigatoriamente declarado no livro “Diário” e nas declarações ao fisco.

    Inácio Dantas

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